“É muito mais fácil liderar homens ao combate de guerra do que
acalma-los e dirigi-los para o paciente e doloroso parto da paz”. (Andre Guide)
Complexo de Vira-Lata é uma expressão criada pelo dramaturgo Nelson Rodrigues. Era uma figura utilizada por ele para descrever o comportamento de muitos brasileiros perante suas eventuais derrotas na vida. Uma cisma pessoal. É “a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo”(WKPD). O brasileiro gostaria de ser reconhecido por todos como um país de valor, mas esbarra e tropeça em suas rotineiras falhas e insucessos na vida. Coisa do tipo: “Estou tão feliz que acho que vai acontecer alguma coisa ruim.” ou “Isso é mau agouro e olho grande dos outros. Tenha cuidado.”; “Isso só acontece comigo”; e assim vai reforçando sua baixa-estima com a soma de confirmações de que realmente não nasceu para ser vencedor. Há alguns que alcançam o sucesso e o destroem por meio da prostituição e adultérios. Por final, caem na sensação de que somos fadados a sermos um submundo tupiniquim. É a estória do Jeca Tatú, Odorico Paraguassú, Moleque Saci, etc; Bons mesmos são os gringos, os bacanas, os chinas, os japas e os coronéis. A nós resta que somos espertos apesar de pobres. Essa conduta tem levado até hoje muita gente a destruir sonhos ou abandoná-los em definitivo. Muitos jornalistas juraram para si serem pessoas éticas e imparciais a exemplo de Caco Barcelos, Jânio de Freitas e Alberto Dines, entre tantos outros. Venderam seus enormes talentos à serpente do dinheiro fácil. Quantos médicos pensaram seguir a inspiração de um Zerbini, Osvaldo Cruz e magnífico pastor e médico Albert Schweitzer, cederam, porém, a Mamom. Ícones do Direito como Heleno Fragoso, Afonso Arinos e Miguel Reale, não puderam ser inspiração para muitos advogados que fizeram a Lógica sobrepor-se à Justiça; Pastores como Philip Yancey, Billy Graham, Souza Marques, Desmond Tutu, Enéas Togníni, Valnice Milhomens, Luther King e Ralph Neighbour; não serviram para algumas mentes “cristãs” que se locupletaram, insanamente, na missão pastoral. Não verdade não houve mudança, mas sim deslocamentos de processos patológicos. Diante desse cenário e não aceitando a teoria do quanto pior melhor, creio que este é o tempo de reconhecermos nossas potencialidades e respeitarmos nossas limitações. Fugir da presunção de que tudo podemos para a realidade que devemos fazer o nosso melhor em tudo. Abandonar a falácia do “somos invencíveis” ou “nada valemos” e adotarmos o realismo sincero de que vale a pena correr os riscos de sermos autênticos, sem nos tornarmos arrogantes. Falhas temos que nos humanizam. Qualidades possuímos que nunca nos tornarão em deuses. Somos uma nação forte e resistente. Passamos por profundas transformações sem envolvimento em guerras. Assim, nossa cidade precisa deixar seus complexos e sua megalomania de lado para ir de encontro ao seu destino. Há um grito dentro de nós que clama por uma construção de fatos que produzam um viver melhor e coerente com a nossa vocação de cidade de vanguarda. Se esse grito for ouvido, atos se tornarão em exemplos que arrastam gerações. Paremos agora de dizer:
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A topografia de
Açailândia prejudica o seu progresso – Esta cidade tem na verdade privilégios com a sua topografia.
Minas Gerais tem semelhante topografia e outros estados do sudeste e isso nunca
foi lamento para eles. O que precisamos é saber canalizar inteligentemente as
águas de chuvas para obtermos um melhor aproveitamento delas. Quantas cidades
no mundo têm construções em degraus e são felizes;
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Fazer esgotos é
inviável – Vivemos num lugar que seu desenho nos ajuda mais que prejudica.
Precisamos com urgência afastar o destino de nossas valas negras (Esgoto a Céu
Abert), que hoje vão para nossos rios, planejando imediatamente o seu
tratamento inteligente como resposta ao planeta que agoniza;
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Nosso meio de
transporte é satisfatório – Não. É preciso democratizar e ordenar os meios de transportes
de nossa cidade, criando corredores criativos, atrativos e ecologicamente
corretos. Técnicas ambientais de transportes foram testadas em outras cidades
com pleno êxito e baixo custo;
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Os pontos de
ônibus são ruins – Eles precisam ser usados de forma adequada e útil. Porque que
ao invés do Sinal ser espetado como um palito na terra, os pontos venham a ser
construídos de forma cultural, informativa e cidadã. Cada um deles bem
construído pode assumir o nome de uma das famílias pioneiras na cidade. Nossa
cidade tem tantos nomes de ruas que merecem até mesmo uma legenda para explicar
o seu significado. Gente nasce e morre neste lugar sem nunca ser lembrada. Temos
verdadeiros heróis nos bairros. Zés
Pretinhos, Marias Enfermeiras e tantos outros. Pontos que prestigiem nossa
realidade histórica e social, homenageando gente simples e trabalhadora do
lugar e não a políticos, seus parentes e nem a doutores, visto que sempre estão
em destaque;
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Nossa cidade não
precisa de Semáforos - Ilusão. Instalemos semáforos eletrônicos, manuais ou
inteligentes e melhoremos toda a sinalização; seja estudado o impacto no
trânsito antes de conceder licenças para novos empreendimentos; que seja
implantada uma política de estacionamento, liberando espaço viário para
circulação; é preciso melhorar as condições para pedestres, idosos, crianças e
portadores de deficiências (calçadas, calçadões, passarelas, lombofaixas e todas
as formas de acessibilidade); que seja criado um sistema cicloviário (condições
seguras para circulação e estacionamento de bicicletas); que sejam melhoradas
as condições para motocicletas; invistamos em educação para motoristas,
motociclistas, ciclistas e pedestres.
“Tome
cuidado com os simplificadores da vida, com os atalhos da fé! Jesus, ele mesmo
nos alertou para o caminho largo, fácil, convidativo, e espaçoso. Ele disse que
a vida tem que passar pelo caminho estreito, apertado, difícil e árduo. A dura
realidade é que não existem atalhos para o amadurecimento. Jesus nunca propôs
nenhum atalho — short cut, nunca simplificou a vida, jamais apresentou qualquer
substituto para a cruz que temos que carregar.”(RB)
Paz e Bênção
“Venho
sem demora. Conserva o que tens para que ninguém tome a tua coroa.” (Apoc. 3:11)
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