sexta-feira, 17 de outubro de 2025

DO INTERESSANTE PARA O INTRIGANTE SEM INTEGRIDADE - A SOMBRA DA MORTE

 A Sombra do Palácio e a Luz da Reforma: O Legado de Manassés e a Integridade Pastoral

A história dos reis de Judá, especialmente a trajetória de Manassés e a subsequente revolução espiritual de Josias, oferece um alerta dramático e um modelo de redenção que ressoam profundamente com a liderança pastoral nos dias de hoje. Não se trata apenas de reis antigos, mas de um espelho para pastores e ministros que buscam a integridade, a excelência de caráter e o compromisso inegociável com a Palavra de Deus.

O Alerta Solene: O Poço Profundo de Manassés (2 Crônicas 33)

Manassés foi um líder de longa duração, reinando por 55 anos. Seu legado, no entanto, é a prova de que longevidade ministerial sem fidelidade é apenas um tempo estendido de declínio. Seu reinado foi uma catástrofe espiritual, marcada por:

  1. A Troca da Santidade pela Idolatria: Manassés profanou o Templo do Senhor, erigindo altares a Baal e aos astros dentro do próprio local de adoração (2 Crônicas 33:4-5).

    • Alerta para Pastores: O ministério de hoje corre o risco de profanar o "Templo" (a igreja, o púlpito) ao introduzir "ídolos modernos": a busca incessante por popularidade (o "Baal" do reconhecimento), o sincretismo com a cultura secular (o "culto aos astros") ou o evangelho da prosperidade (o "sacrifício de filhos" da teologia utilitarista) em detrimento da pureza doutrinária. A excelência começa com a preservação da santidade no culto e na mensagem.

  2. O Abandono das Veredas Antigas: Manassés desfez o trabalho do pai, Ezequias, rejeitando o compromisso anterior com a Lei (2 Crônicas 33:3).

    • Alerta para Pastores: A tentação de inovar e ser "relevante" pode levar o líder a abandonar o fundamento bíblico. A excelência de caráter exige coragem para manter o compromisso com a sã doutrina, rejeitando modismos teológicos e métodos ministeriais que sacrificam a profundidade bíblica em nome do crescimento numérico.

  3. A Influência Destrutiva: Sua liderança foi tão nefasta que ele fez o povo "pior do que as nações" (2 Crônicas 33:9).

    • Alerta para Pastores: O líder nunca peca sozinho. O pecado do pastor contamina o rebanho. A falta de integridade sexual, financeira ou ética no púlpito descredita o Evangelho e destrói a fé de milhares. A excelência de caráter é a única garantia de uma influência que edifica e não destrói.

A Esperança e o Recomeço: A Conversão de Manassés

A única pausa no terror do reinado de Manassés é seu momento de profunda humilhação no cativeiro babilônico: "Angustiado, suplicou deveras ao Senhor, seu Deus, e muito se humilhou... Deus se tornou favorável para com ele" (2 Crônicas 33:12-13).

  • Luz de Esperança: Não há líder tão caído ou erro tão grave que a misericórdia de Deus não possa perdoar, desde que haja arrependimento sincero e humilhação radical.

O Modelo de Excelência: A Reforma de Josias (2 Reis 22-23)

O neto de Manassés, Josias, é o modelo de um ministério pautado pela excelência de caráter e compromisso inegociável. Josias não se contentou com o perdão pessoal; ele buscou uma reforma abrangente.

  1. Excelência e Submissão à Palavra: A pedra angular da reforma de Josias foi a redescoberta do Livro da Lei e sua resposta imediata: rasgou suas vestes e buscou diligentemente a vontade de Deus (2 Reis 22:11).

    • Compromisso Pastoral: O líder deve cultivar a supremacia das Escrituras. O púlpito deve ser a fonte inesgotável da Palavra, e não de opiniões pessoais, psicologias humanistas ou motivações de autoajuda. A excelência ministerial é medida pela nossa submissão à Lei de Deus.

  2. Integridade e Ação Radical: Josias não apenas ouviu a Lei, mas a executou com rigor. Ele destruiu os altares que seu avô construíra, purificando o Templo e a terra (2 Reis 23:4-7).

    • Compromisso Pastoral: A integridade de caráter não é apenas o que se prega, mas o que se desfaz. O pastor deve ter a coragem de eliminar de seu ministério e vida pessoal tudo o que não agrada a Deus, mesmo que sejam "ídolos" antigos e confortáveis. A excelência exige a reparação ativa de erros e a remoção de toda iniquidade.

  3. Compromisso com o Legado da Fé: Josias se dedicou a servir a Deus "de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças" (2 Reis 23:25).

  • Compromisso Pastoral: O objetivo do ministério não é deixar um legado de fama, mas um legado de fidelidade. Que a vida do pastor, como a de Josias, seja marcada pelo compromisso total com Cristo, rompendo os ciclos de impiedade do passado (seja o passado pessoal, familiar ou da igreja) e inspirando a próxima geração a buscar a Deus com a mesma intensidade.

Que a sombra do mau reinado de Manassés sirva de advertência contra a soberba e a infidelidade, e que a luz da reforma de Josias seja o modelo de excelência e compromisso inegociável para a liderança pastoral em nossos dias.

"O Senhor... busca quem o adore em espírito e em verdade" (João 4:23). A excelência de caráter e o compromisso pastoral nascem deste profundo e total serviço.




O DRAMA DO TRONO E DA TRAMA PASTORAL

 O Drama do Trono: A Trajetória de Sucesso e Queda do Rei Saul - Um Alerta para a Liderança Atual

A história do Rei Saul, registrada nos livros de Samuel, é um poderoso e pungente drama humano e espiritual. Ela ilustra vividamente como a obediência e a humildade são os pilares de um relacionamento abençoado com Deus, e como o orgulho e a desobediência podem levar até o mais ungido dos homens a uma tragédia destrutiva.

1. O Tempo Áureo: Escolha, Sucesso e Dons Espirituais

Saul, filho de Quis, da tribo de Benjamim, começou sua jornada com grande promessa. Ele era um homem de notável aparência, "mais alto do que todo o povo, do ombro para cima" (1 Samuel 9:2). O povo de Israel recebeu um líder que preenchia o ideal humano de realeza.

Sua unção por Samuel, por ordem divina, marcou o início de um tempo áureo. A Bíblia registra que "O Espírito de Deus se apossou dele, e ele profetizou no meio deles" (1 Samuel 10:10). Ele foi dotado de autoridade e coragem. Sua primeira grande vitória militar contra os amonitas demonstrou sua capacidade de liderança, sendo aclamado rei em Gilgal em meio a grande alegria: "Então todo o povo se foi a Gilgal, e ali, em Gilgal, perante o Senhor, constituíram a Saul rei..." (1 Samuel 11:15). Este foi um período de fidelidade aparente e sucesso, onde a mão do Senhor estava sobre ele. Saul era, inicialmente, um homem humilde, que se escondeu quando foi procurado para ser apresentado ao povo como rei (1 Samuel 10:22).

2. O Início da Queda: Orgulho, Arrogância e Desobediência

Apesar de seu começo promissor, o sucesso alimentou a semente do orgulho e da arrogância no coração de Saul. O declínio começou com a desobediência à Palavra de Deus.

Em Micmás, sob pressão dos filisteus e com o povo se dispersando, Saul agiu impulsivamente e ofereceu um holocausto, usurpando a função sacerdotal (1 Samuel 13:8-12). Samuel confrontou-o com palavras duras: "Você agiu como tolo. Não obedeceu ao mandamento que o Senhor, o seu Deus, lhe deu; se o tivesse feito, ele teria estabelecido para sempre o seu reino sobre Israel. Mas agora o seu reino não permanecerá" (1 Samuel 13:13-14).

O ponto de não retorno foi sua desobediência na guerra contra os amalequitas. Saul poupou o rei Agague e o melhor do rebanho, alegando que era para sacrificar ao Senhor (1 Samuel 15:15, 21), mas sua motivação era a de obter o favor do povo e a glória (1 Samuel 15:9). Samuel proferiu o veredito: "O obedecer é melhor do que o sacrificar... Visto que você rejeitou a palavra do Senhor, ele também o rejeitou como rei" (1 Samuel 15:22-23).

3. A Espiral Descendente: Perseguição, Perda de Respeito e Tragédia

Com a rejeição divina, "o Espírito do Senhor se retirou de Saul, e um espírito maligno, vindo da parte do Senhor, o atormentava" (1 Samuel 16:14). O rei se tornou consumido pelo ciúme e pela inveja em relação a Davi, o novo ungido: "A Davi deram dezenas de milhares, pensou ele, e a mim, apenas milhares. O que mais lhe falta, a não ser o reino?" (1 Samuel 18:8).

A vida de Saul se tornou uma obsessiva caçada a Davi (1 Samuel 18-27), desviando seu foco e perdendo o respeito de seu próprio povo. Seu desespero culminou na busca por uma feiticeira em En-Dor, num ato de total infidelidade (1 Samuel 28:6-7). No campo de batalha, em Gilboa, após ser gravemente ferido, Saul cometeu suicídio para não cair nas mãos dos inimigos (1 Samuel 31:4). A trágica morte foi a consequência de uma vida autodestrutiva e da rejeição aos caminhos de Deus.

Conclusão e Aplicação Prática: Um Alerta para Líderes e Pastores

A história de Saul não é apenas um relato antigo, mas um espelho poderoso para aqueles que ocupam posições de liderança eclesiástica nos dias de hoje. A trajetória de Saul revela grandes armadilhas:

1. A Armadilha da Impaciência e da Usurpação (1 Samuel 13)

Saul agiu por conta própria em um momento de pressão, usurpando a função sacerdotal.

  • Alerta para o Líder de Hoje: Cuidado com a pressão por resultados que leva o líder a cortar caminhos, a usurpar funções ou a substituir a fé em Deus por ativismo humano. A pressa de Saul custou-lhe o reino.

    • Princípio: Confiança é esperar na direção de Deus, mesmo sob pressão. "Pois o Senhor, seu Deus, é o único que lhes prova para saber se vocês o amam de todo o coração e de toda a alma" (Deuteronômio 13:3).

2. A Armadilha da Arrogância e da Opinião Própria (1 Samuel 15)

Saul "melhorou" a ordem de Deus, obedecendo parcialmente para agradar a si e ao povo.

  • Alerta para o Líder de Hoje: Evite a tentação de ser "mais esperto" que Deus, reinterpretando ou suavizando a Palavra para que ela se encaixe nos padrões da cultura ou nos desejos da congregação. A desobediência parcial é desobediência total.

    • Princípio: A submissão é inegociável. "A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros" (1 Samuel 15:22).

3. A Armadilha do Ciúme e do Foco Desviado (1 Samuel 18-26)

Saul usou sua energia para perseguir Davi, o ungido de Deus, em vez de lutar contra os inimigos de Israel.

  • Alerta para o Líder de Hoje: A inveja e o ciúme são venenos mortais no ministério. Muitos líderes desperdiçam tempo perseguindo outros ministros ou competindo, em vez de focar na missão. O líder ciumento perde a unção e se torna um perseguidor.

    • Princípio: O foco deve ser a missão, não a rivalidade. "O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha" (1 Coríntios 13:4).

4. A Armadilha do Fim Desesperado (1 Samuel 28 e 31)

O afastamento de Deus levou Saul a buscar o ocultismo e a tirar a própria vida.

  • Alerta para o Líder de Hoje: O afastamento contínuo e a falta de arrependimento levam o líder a buscar fontes de poder e orientação fora de Deus. O desespero não justifica o pecado.

    • Princípio: A Palavra de Deus é a única fonte de verdade. "Quem pensa estar firme, cuide-se para que não caia" (1 Coríntios 10:12).

Que a vida de Saul sirva de solene advertência e inspiração. Advertência contra o orgulho que destrói e inspiração para que, em vez de nos tornarmos "reis" em nosso próprio trono, nos mantenhamos humildes e obedientes, sempre dependentes do Senhor, o único Soberano de nossas vidas, para que nosso fim seja de glória e não de tragédia.




TOQUE A TROMBETA EM SIÃO

                                                                                                   "Tocai a trombeta em Sião, 
e clamai em alta voz no Meu Santo Monte; 
tremam todos os moradores da terra, 
porque o Dia do Senhor vem, já está perto" 
Joel 2:1

O Chamado Radical: Desafiando a Igreja Evangélica Brasileira a Focar no Amor a Deus e 
ao Próximo acima da Política
A recente e profunda incursão da igreja evangélica brasileira no cenário político levantou questões 
cruciais sobre a verdadeira missão do Corpo de Cristo. Inspirados pela mensagem do Pastor Paulo 
Seabra, que clama para que a igreja se proteja das "armadilhas políticas" e mantenha o "Foco no 
Reino" (Mateus 22:21), este artigo desafia a comunidade evangélica no Brasil a reorientar suas 
prioridades: do fervor partidário para a primazia do amor a Deus e ao próximo, perante a complexa 
e urgente realidade social do país.
A Armadilha do Reino Transitório
O cerne da pregação do Pastor Paulo Seabra, ao abordar o mandamento de "Dar a Deus o que é 
de Deus," é a distinção clara entre o que é eterno e o que é passageiro. O Reino de Deus oferece 
uma "garantia divina inamovível," enquanto a confiança nas "coisas passageiras e transitórias" 
(como a política e a riqueza humana) está sempre sujeita à desvalorização e à ruína.
Ao se prender em demasia às disputas e plataformas políticas, a Igreja corre o risco de cair na 
armadilha de confundir a agenda do Reino de Deus com a agenda do reino dos homens
Quando a identidade cristã é definida por um rótulo partidário, ou quando a pregação se torna 
defesa de posições políticas com "fígado e não com entendimento," a credibilidade e, mais 
importante, a missão evangélica são comprometidas. A igreja é chamada a ser a manifestação da 
"graça e misericórdia do Senhor" no reino dos homens, e não um mero comitê eleitoral.
O Mandato Central: Coração e Caridade
Se Jesus nos ensina a dar a Deus o que lhe pertence, a pergunta essencial é: O que Deus 
realmente quer?
O apelo das Escrituras é inequívoco: "Filho meu, dá-me o teu coração e os teus olhos observem o 
meu caminho." A moeda de maior valor que o crente pode oferecer não é o voto, o apoio ou a 
influência, mas uma vida que tem como base o amor, a segurança e a fidelidade ao Senhor.

O Evangelho de Jesus se resume a dois mandamentos inegociáveis: amar a Deus acima de
 tudo e amar o próximo como a si mesmo. É neste ponto que a realidade social brasileira lança seu maior desafio à Igreja:

O Desafio da Iniquidade e o Esfriamento do Amor: A mensagem bíblica adverte que a 
O Chamado Radical à Vida Exemplar
O poder da Igreja não reside nas "armas carnais" da política ou da dominação, mas no "poder da 
personalidade, no poder da vida transformada, no poder de uma vida exemplar".
O desafio à Igreja Evangélica Brasileira é, portanto, um apelo radical para que:
Priorize o Espírito sobre a Carne: Que as nossas armas sejam poderosas em Deus 
para quebrar as fortalezas da miséria e da injustiça, e não para derrubar adversários políticos.

"mundanidade do mundo," mas sim pelo enriquecimento da graça e do poder de Deus.
A igreja não está fora do mundo, mas não é deste mundo. O nosso foco deve estar no propósito 

eterno, para que possamos manifestar os valores e princípios do Reino de Deus aqui e agora, em 
cada rua, em cada comunidade carente, e em cada coração.

A verdadeira vocação da Igreja Evangélica no Brasil é redescobrir que o Reino de Deus é 
primariamente uma realidade de amor, justiça e paz que se manifesta quando o amor a Deus se 

traduz em ação sacrificial pelo próximo. É tempo de dar a Deus o que é de Deus: nossa vida, 
nosso coração e nossa dedicação integral à Sua missão de amor no mundo.
A multiplicação da iniquidade (a injustiça, a violação de direitos, o desrespeito) resulta no esfriamento do amor de muitos. Ao invés de se envolver em lutas que geram divisão, ódio e 
traição no seio da própria sociedade e da igreja, o Corpo de Cristo deve ser a vanguarda 
da equidade – a retidão e a justiça.
O Amor Ativo ao Próximo: O Brasil é um país marcado por desigualdades abissais, pobreza 
endêmica, e problemas sociais complexos. O verdadeiro "Foco no Reino" se manifesta quando a 
Igreja atua como "sal da terra e luz do mundo" no meio dessa realidade. O Reino de Deus chega à 
"cidade dos homens" por meio da cura, do consolo aos aflitos, do acolhimento aos necessitados e 
da prática da justiça. Quando a igreja investe mais energia em conquistar cargos políticos do que 
em suprir a dor social, ela nega o poder do Evangelho que transforma vidas.

Seja Agente de Graça e Misericórdia: Que a nossa visibilidade na nação venha do nosso serviço 
desinteressado aos marginalizados, e não da nossa participação em palanques ou gabinetes.
Viva com as Raízes para Cima: Que as decisões e escolhas não sejam moldadas pela 
Congregai o povo, santificai a congregação, 
ajuntai os anciãos, congregai as crianças, 
e os que mamam; saia o noivo da sua recâmara, 
e a noiva do seu aposento.
 Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, 
entre o alpendre e o altar, e digam: 
Poupa a teu povo, ó Senhor, 
e não entregues a tua herança ao opróbrio, 
para que os gentios o dominem; 
por que diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?
 Então o Senhor se mostrou zeloso da sua terra, 
e compadeceu-se do seu povo.
 E o Senhor, respondendo, disse ao seu povo: 
Eis que vos envio o trigo, e o mosto, 
e o azeite, e deles sereis fartos, 
e vos não entregarei mais ao opróbrio entre os gentios
Joel 2:16-19


Açailândia entre a Cruz e a Encruzilhada

 

Entre o Progresso Iminente e o Desafio Estrutural e Humano

Introdução: A Vocação de uma Terra em Conflito (Provérbios 29:18 - "Onde não há visão, o povo perece, mas bem-aventurado é o que guarda a lei.")

Açailândia, no Sudoeste do Maranhão, é uma cidade de contrastes marcantes. Porta de entrada da Amazônia e encruzilhada de grandes projetos de infraestrutura e empresas de porte (notadamente nos setores de metalurgia, produção florestal e logística, com a Ferrovia Norte-Sul e o Entreposto da Vale), a cidade detém o terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB) do Maranhão, com um PIB per capita (R$ 33,7 mil em 2021) superior à média estadual (R$ 17,5 mil), segundo dados do IBGE e do Observatório Setorial Territorial Brasil (Data MPE - Sebrae). Essa pujança econômica, no entanto, convive com profundos desafios sociais e estruturais, criando uma realidade que desafia a vocação de progresso do município.

1. O Descompasso Social e Educacional: A Juventude Despreparada (Oséias 4:6 - "O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento.")

O crescimento econômico desordenado gerou um influxo populacional que a infraestrutura local não conseguiu absorver adequadamente. O crescimento da empregabilidade nos setores de Indústria, Serviços e Comércio (registrando 21,3 mil empregos formais), segundo o Data MPE - Sebrae, revela o potencial de trabalho, mas a mão de obra local frequentemente carece da qualificação necessária.

O desafio educacional é notável. Embora o Maranhão tenha registrado queda na taxa de analfabetismo (a menor em 12 anos em 2022, segundo o Governo do MA), o problema do analfabetismo funcional persiste, limitando a capacidade da juventude de aproveitar as oportunidades geradas pelas grandes empresas. Em 2010, o município apresentava um percentual de apenas 7,28% de pessoas de 18 a 20 anos com Ensino Médio completo (Atlas Brasil/IBGE 2010), um indicador de despreparo alarmante frente à demanda tecnológica do iminente progresso. O baixo nível de escolaridade é um gargalo que, se não for resolvido, continuará a segregar a população local dos melhores postos de trabalho.

2. As Chagas Estruturais: Violência, Vulnerabilidade e Falta de Saneamento (Jeremias 6:14 - "E curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.")

A falta de infraestrutura básica e o crescimento desordenado são vetores de graves problemas sociais. A saúde pública é tensionada pela demanda crescente e pela necessidade de melhorias contínuas. A mortalidade infantil em Açailândia, apesar de ter reduzido de 46,53 para 28,03 óbitos por mil nascidos vivos entre 2000 e 2010 (Atlas Brasil/IBGE), ainda reflete a precariedade sanitária e de assistência.

O saneamento básico é um indicador crítico. A baixa cobertura de esgotamento sanitário contribui diretamente para doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado, o que, em 2017, representou 3,80% das internações no Maranhão (Atlas Brasil/IBGE). A mobilidade urbana e rural é dificultada pela ausência de planejamento eficaz.

A criminalidade é uma sombra. Embora o Maranhão tenha registrado redução nas Mortes Violentas Intencionais (MVI) nos últimos anos e seus municípios não estejam entre os 10 mais violentos do país (Anuário Brasileiro de Segurança Pública/2024), a realidade local é desafiadora. A exploração humana no trabalho, tanto em zonas urbanas quanto rurais (com destaque para a extração florestal), a desagregação familiar e o alarmante instituto da fome, expressos diante de todos, aumentam os níveis de desespero humano e vulnerabilidade social. A situação das pessoas com deficiência e de outros grupos vulneráveis exige uma rede de proteção e inclusão mais robusta.

3. A Esfera Política e Ideológica: Gestões Instáveis e Fanatismo (Romanos 13:1 - "Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus.")

Açailândia tem sido marcada por sucessivas gestões públicas instáveis e historicamente atingida por denúncias de corrupção, o que mina a confiança social e impede o desenvolvimento planejado e contínuo. A falta de administradores públicos com visão estratégica e comprometimento ético com o desenvolvimento é um fator de atraso.

A presença de setores da esquerda e seu fanatismo político-ideológico (como em outros lugares) muitas vezes polarizam o debate público, desviando o foco dos problemas estruturais e fomentando a divisão, o que também é um desafio à unidade social necessária para o progresso. A contribuição da esquerda para as causas sociais é notória, mas o extremismo político-ideológico de qualquer espectro dificulta a busca por soluções pragmáticas e consensuais.

4. O Vetor Cristão: Entre a Abundância de Templos e a Pouca Transformação Social (Tiago 2:17 - "Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.")

A cidade se destaca pelo grande número de igrejas evangélicas, além da notável presença da Igreja Católica. Há uma fervorosa manifestação de fé, com contribuições significativas das igrejas no enfrentamento das causas sociais, no fortalecimento da fé, da família e da unidade cristã. No entanto, a visibilidade de melhorias nas condições políticas, morais, existenciais e espirituais da população, proporcional ao número de templos, é limitada. A proliferação de igrejas não tem sido o suficiente para reverter o quadro de desespero humano e baixa eficácia política.

5. Esforços da Gestão Atual e Caminhos para o Futuro (Filipenses 2:4 - "Não atente cada um para o que é seu, mas cada qual também para o que é dos outros.")

Embora os dados sobre a atual gestão necessitem de acompanhamento em tempo real, as administrações municipais geralmente focam em programas de Assistência Social (como o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família – PAIF, e o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos - SCFV, conforme legislação municipal) e em investimentos em infraestrutura e educação (como a integração ao programa CNH Social do Governo do Estado, para a inclusão social e profissional). Tais esforços, embora válidos, devem ser ampliados para um planejamento de longo prazo que integre o desenvolvimento social e a atração de investimentos.

Caminhos Plausíveis para a Igreja Evangélica como Protagonista de Intervenções

A Igreja Evangélica tem um papel vital para o futuro de Açailândia. Sua capilaridade e força moral a credenciam como protagonista de intervenções humanas e sociais:

  1. Ações Educacionais e Profissionalizantes (2 Timóteo 2:15): Criar e manter centros de alfabetização para adultos e funcional, além de cursos de qualificação técnica voltados às demandas das grandes empresas locais (metalurgia, logística, agronegócio).

  2. Fortalecimento Familiar e Psicoespiritual (Salmo 127:1): Implementar programas de apoio familiar e aconselhamento psicológico e espiritual, enfrentando a desagregação familiar e o desespero humano que se manifestam pela fome e violência.

  3. Unidade Cristã para Intervenção (João 17:21): Promover a cooperação interdenominacional (e com a Igreja Católica) para criar projetos de grande impacto, como bancos de alimentos (enfrentamento da fome), clínicas populares e centros de reabilitação.

  4. Fiscalização Cidadã e Ética Pública (Miqueias 6:8): Atuar na formação de uma consciência política ética e cidadã, incentivando a população a fiscalizar as gestões públicas e a eleger administradores comprometidos, combatendo a corrupção e a instabilidade política.

Principais Campos de Atuação para o Desenvolvimento (Próximos 10 Anos)

Campo de AtuaçãoObjetivo EstratégicoAtuação Cristã Sugerida
Educação e QualificaçãoRedução do analfabetismo funcional e preparo da juventude para o mercado de trabalho (empresas de grande porte).Criação de escolas técnicas e polos de EJA (Educação de Jovens e Adultos) de excelência.
Saneamento Básico e SaúdeUniversalização do esgotamento sanitário e melhoria dos indicadores de saúde pública.Mobilização comunitária e pressão social por investimentos em infraestrutura básica.
Combate à Vulnerabilidade SocialEnfrentamento da fome, violência e desagregação familiar.Expansão de bancos de alimentos, centros de apoio familiar e programas de reinserção social e combate à exploração de trabalho.
Desenvolvimento Político-CidadãoFormação de lideranças políticas éticas e promoção da fiscalização social.Escolas de Cidadania Cristã e Fóruns de Ética Pública.
Infraestrutura e MobilidadePlanejamento urbano para combater o crescimento desordenado e garantir mobilidade.Parceria com a sociedade civil para propor planos diretores sustentáveis.

O futuro de Açailândia reside na capacidade de sua liderança, especialmente a cristã, de transcender o mero assistencialismo e abraçar um papel de protagonismo transformador, unindo fé e obras para traduzir a vocação econômica da cidade em desenvolvimento humano e social.





quarta-feira, 15 de outubro de 2025

O CHAMADO EM UM SÉCULO DE CRISES: A IGREJA EVANGÉLICA E OS DESAFIOS DA CONTEMPORANEIDADE

 

1. Introdução: O Novo Campo Missionário

A Igreja Evangélica Brasileira encontra-se em um ponto de inflexão histórica. Não mais apenas um celeiro de crescimento numérico, ela é agora confrontada por uma realidade complexa, multifacetada e em rápida mutação. A sociedade do século XXI, marcada pela fluidez, secularização e avanço tecnológico, configura-se como o novo, e mais desafiador, campo missionário. O chamado à fidelidade bíblica e à relevância social nunca foi tão urgente.

2. Os Desafios do Século XXI em Números e Contexto

A análise dos desafios propostos revela um quadro de desagregação em diversas esferas da vida humana e social, demandando uma resposta integral da fé cristã.

A. O Vazio Espiritual e o Crescimento da Irreligião

O Brasil, embora majoritariamente religioso, testemunha uma transformação profunda em seu tecido espiritual. O Censo 2022 (IBGE) é categórico: o grupo de pessoas "Sem Religião" (que inclui ateus, agnósticos e desigrejados) cresceu de 7,9% em 2010 para 9,3% em 2022. Este aumento, embora percentualmente menor que o dos evangélicos (que passaram de 21,6% para 26,9%), sinaliza a falência da religião meramente institucional em reter e atrair os indivíduos, especialmente os jovens, sendo que entre 16 e 24 anos os "sem religião" chegam a 25% em algumas pesquisas.

  • Apostasia Eminente e Frieza Espiritual: O crescimento dos "desigrejados" - aqueles que mantêm a fé, mas abandonam a instituição eclesiástica – é um sintoma da frieza espiritual e da decepção com escândalos e a confusão teológica nas bases. Muitos veem a Igreja como mais preocupada com o poder e a política do que com o evangelho, corroborando a profecia bíblica sobre o esfriamento do amor (Mateus 24:12).

B. A Desestruturação da Família e o Vazio Existencial

Os arranjos familiares no Brasil se tornaram mais diversos, mas também mais frágeis. O Censo 2022 (IBGE) mostra uma queda na proporção de famílias nucleares tradicionais (responsável, cônjuge e filhos) de 41,3% para 30,7% entre 2010 e 2022, enquanto as famílias chefiadas por mulheres aumentam e as unidades unipessoais (só uma pessoa) saltam de 12,2% para 18,9%.

  • Solidão Humana: Este aumento da solidão e das separações conjugais é um terreno fértil para o vazio existencial humano. A igreja, chamada a ser comunidade, precisa ser o contraponto à sociedade individualista e líquida.

C. A Crise da Saúde Mental e a Violência Social

A sociedade brasileira enfrenta uma epidemia de saúde mental.

  • Depressão e Suicídio: O Brasil registra aproximadamente 14 mil suicídios por ano (cerca de 38 por dia) e mais de 30 internações diárias por tentativa de suicídio (dados do Ministeˊrio da Sauˊde/CAPES, 2024). O aumento dos casos de autolesão, inclusive na "geração prateada" (acima de 50 anos), evidencia a falha do sistema social em fornecer amparo e sentido.

  • Violência em Alta Escala: A violência contra os vulneráveis se intensifica. O feminicídio bateu recorde em 2024, com 1.492 vítimas (média de 4 por dia), e as tentativas subiram 19% (Anuaˊrio Brasileiro de Seguranc¸a Puˊblica, 2024). O aumento da pedofilia, prostituição, infanticídio e agressões a idosos e crianças, juntamente com o consumo de drogas, reflete a degradação moral e a perda do valor da vida humana (imago Dei).

D. Os Desafios Culturais e a Geopolítica

  • Avanço da "Agenda Wok": O movimento, frequentemente chamado de "Agenda Wok" (ou "woke"), é visto pelos conservadores como uma pressão cultural para a redefinição de moralidades tradicionais, identidade e história, desafiando as bases cristãs da antropologia e da ética. A Igreja deve, segundo a visão conservadora, reafirmar a cosmovisão bíblica de forma amorosa, mas inegociável, em contraste com a moralidade culturalmente mutável.

  • Perseguição Religiosa: O aumento da perseguição contra cristãos no mundo (Open Doors e outras fontes) e o novo desenho geopolítico global (com o crescimento de religiões fundamentalistas e a crise entre nações) recordam a Igreja da sua identidade como corpo missionário sob pressão, em um mundo que se torna cada vez mais hostil ao Evangelho.

3. Fundamentação Bíblica e Visão Teológica Conservadora

Os pensadores cristãos conservadores, como C.S. Lewis (em sua análise da moralidade e da desumanização) e Francis Schaeffer (sobre a necessidade de uma "verdadeira espiritualidade" em um mundo fragmentado), argumentam que a crise contemporânea é, em sua raiz, uma crise teológica.

  • A Profecia dos Últimos Dias: O quadro de desafios ecoa as profecias bíblicas sobre os "últimos dias":

    • Frieza e Apostasia: "Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios." (1 Timoˊteo 4:1) e "E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará." (Mateus 24:12).

    • Degradação Social: "Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons." (2 Timoˊteo 3:1-3).

  • O Mandato Cultural: A visão conservadora enfatiza o "Mandato Cultural" (nesis 1:28), que ordena o cuidado e a administração da criação. Isso inclui a luta contra os desafios ambientais, o fracasso do sistema de saúde pública e a queda dos indicadores educacionais brasileiros (Censo Escolar 2024 mostra quedas em matrıˊculas do Fundamental), exigindo que a Igreja seja ativa na esfera pública, promovendo a justiça e a excelência.

4. Caminhos para a Igreja Evangélica e Protestante Brasileira (Foco no Maranhão)

Para a Igreja brasileira, e em particular para as comunidades no Maranhão, região que enfrenta desafios sociais e de infraestrutura agudos, os caminhos devem ser de profunda recontextualização e engajamento prático.

A. O Fortalecimento das Bases Teológicas e a Liderança Sã

É imperativo resolver a confusão nas bases cristãs das lideranças de igrejas. O caminho passa por:

  1. Saturação Bíblica: Retorno à exegese fiel e a doutrinas sólidas para combater a teologia liberal, o evangelho da prosperidade e as modas doutrinárias.

  2. Liderança Servidora: Promoção de líderes com caráter e preparo teológico, que priorizem o pastoreio e o cuidado, em vez do poder e do mercantilismo.

B. A Igreja como Agente de Cuidado Integral (Holismo Missionário)

A resposta ao vazio existencial e à crise social exige o incremento de comunidades cristãs melhor contextualizadas e ativas de compromisso de amor e cuidado para com o próximo.

  • Ministério Diaconal Ampliado (Luta contra a Fome e Desigualdade): Diante do aumento da fome e da falta de moradia, a Igreja no Maranhão deve intensificar programas de segurança alimentar, capacitação profissional e microcrédito comunitário, resgatando a essência da Diaconia.

  • Cuidado com a Saúde Mental: Treinamento de líderes e membros para o aconselhamento pastoral e a criação de redes de apoio para pessoas em depressão e risco de suicídio. A comunidade precisa ser um espaço seguro de acolhimento.

  • Engajamento Cívico e Educacional: Apoio a escolas e projetos educacionais (em resposta à queda dos indicadores) e intervenção prática contra a violência (feminicídio, pedofilia, etc.) por meio de parcerias com conselhos tutelares e abrigos.

C. Missão e Tecnologia

Os avanços tecnológicos devem ser utilizados para recontextualizar a mensagem:

  • Discipulado Digital: Usar as mídias sociais para combater a solidão e o ateísmo com conteúdo de fé, apologética e comunidade virtual.

  • Acolhimento ao "Desigrejado": Criar formatos de comunidade que acolham aqueles que foram feridos pela instituição, focando no relacionamento e na autenticidade.

5. Casos de Sucesso Cristãos Recentes

Em meio ao caos, a fidelidade gera frutos. Casos de sucesso no Brasil demonstram a eficácia de uma Igreja que se compromete com o amor e a práxis cristã:

  • Projetos de Combate à Fome e Moradia: Iniciativas evangélicas de grande escala que mobilizam voluntários e recursos para construir casas e distribuir alimentos, demonstrando o amor de Cristo de forma tangível.

  • Recuperação de Dependentes Químicos: Comunidades terapêuticas cristãs que oferecem não apenas tratamento, mas um novo sentido de vida e reintegração social.

Estes exemplos atestam que a Igreja, quando fiel ao seu chamado, é a maior e mais eficaz agência de transformação social do mundo. A missão, portanto, não é apenas proclamar, mas encarnar o Evangelho de Cristo em um ato de amor radical (Joa˜o 13:35), tornando-se luz e sal em um mundo que clama por esperança, justiça e sentido.

Conclusão: A Igreja contemporânea tem em seus desafios a sua maior oportunidade. Em vez de recuar diante da adversidade, ela é chamada a avançar em amor, verdade e serviço, sustentada pela promessa de que as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mateus 16:18). O caminho é a volta à simplicidade e profundidade do Evangelho: proclamar a verdade bíblica e viver o amor de Cristo, de forma contextualizada e sacrificial.

Por
+ Ivo Nogueira



O GRITO DO MARANHÃO: DA OLIGARQUIA À MISSÃO CRISTÃ DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL


O PRINCÍPIO DAS DORES

A chaga social que aflige o Maranhão, marcada pelo conluio histórico entre a velha oligarquia, o clientelismo político e a corrupção que se estendeu e se adaptou em diversas gestões – inclusive com alianças ao lulopetismo em diferentes momentos e esferas de poder –, clama não apenas por denúncia, mas por uma ação transformadora. A pobreza e a miséria, que teimam em permanecer no estado mais pobre do país, são o resultado direto de um sistema que usou o potencial maranhense (seu vasto litoral, clima favorável, riquezas naturais e localização estratégica) para enriquecer uma minoria, enquanto impedia o desenvolvimento humano da maioria.

A perpetuação do atraso através da sucessão familiar no poder político, a ausência de planejamento estratégico de longo prazo, e a distribuição desigual de recursos, que condenam a Baixada Maranhense e as periferias de São Luís e Imperatriz à fome e à falta de infraestrutura básica, exigem uma resposta à altura. É neste cenário de profunda iniquidade que se insere a Missão Social da Igreja Cristã, apoiada por uma tradição de pensamento protestante engajado.

I. Contribuições Sociais Cristãs: A Fé em Ação

A contribuição social cristã, especialmente a vertente protestante, vai além da assistência caritativa e busca a transformação estrutural da sociedade, baseada em princípios de justiça, dignidade e equidade.

1. A Visão Reformacional da Justiça: Pensadores Engajados

A tradição reformada, cujos expoentes históricos como João Calvino já defendiam o uso responsável da riqueza e a crítica à usura em prol da justiça social, influenciou pensadores contemporâneos que clamam por uma teologia engajada na realidade social.

  • Rubem Alves (Teólogo e Pastor Presbiteriano): Figura central no protestantismo brasileiro, Rubem Alves criticou a espiritualização excessiva que aliena o crente dos problemas concretos do mundo. Para ele, a fé deve nos levar a atuar na realidade, buscando a libertação e a dignidade humana. Sua teologia é um convite a "ver" a pobreza e a "agir" sobre ela, rejeitando a neutralidade política e social.

  • John Stott (Teólogo Anglicano): Defendeu a ideia de que o Evangelho tem implicações tanto na evangelização (proclamação) quanto na ação social (demonstração). Stott afirmava que a "justiça é responsabilidade de todos" e que a preocupação com os pobres e a luta contra a injustiça não são opcionais, mas partes integrantes da missão da igreja, que deve buscar uma "justiça maior" – aquela que Cristo ensinou.

  • Martin Luther King Jr. (Pastor Batista e Ativista): Seu legado no Movimento dos Direitos Civis é um testemunho de que a fé deve ser a força motriz para desafiar estruturas sistêmicas de opressão. Sua famosa citação "Injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em toda parte" ressoa diretamente com a realidade maranhense, exigindo que a Igreja denuncie o sistema oligárquico e corrupto.

2. Possíveis Contribuições Práticas da Igreja no Maranhão:

A Igreja Cristã no Maranhão pode catalisar a mudança através de ações focadas na raiz do problema:

Área de ContribuiçãoAção Estratégica (Foco no Maranhão)Objetivo Social
Educação e Formação CívicaImplantação de Cursos Técnicos e Profissionalizantes em áreas de potencial regional (logística portuária, agronegócio sustentável, ecoturismo) e Escolas de Cidadania nas periferias.Quebrar o ciclo de atraso educacional e profissional, formando uma nova liderança crítica e ética, imune ao clientelismo.
Desenvolvimento LocalCriação de Cooperativas e Microcrédito Solidário para famílias da Baixada Maranhense e do interior, focadas na cadeia produtiva do babaçu, piscicultura e agricultura familiar.Articular a riqueza natural do estado com a base da sociedade, gerando renda e autonomia econômica, em contraposição à exploração do trabalho análogo à escravidão.
Voz Profética e JustiçaFormação de Fóruns de Fiscalização Cidadã e Transparência (junto à sociedade civil) para monitorar orçamentos e políticas públicas de saúde e educação (os mais sucateados) em pequenos municípios.Denunciar a corrupção e exigir a "justiça pública", desafiando o poder da oligarquia e promovendo a responsabilização política.
Cuidado com o VulnerávelCriação de Centros de Apoio Jurídico e Psicológico para mulheres vítimas de violência e famílias de detentos negros e pobres, garantindo o direito de defesa e amparo.Responder às consequências sociais da iniquidade (violência e encarceramento em massa), demonstrando a compaixão e a misericórdia de Cristo.

II. Indicadores e Potencialidades das Mesorregiões do Maranhão

O Maranhão, dividido em cinco mesorregiões geográficas, exibe uma diversidade de potenciais que, se não fossem usurpados pelo extrativismo político e econômico de poucos, impulsionariam todo o estado:

A verdadeira tragédia do Maranhão reside na incapacidade, ou melhor, na recusa política de articular esses potenciais regionais com a melhoria das condições de vida da população. O desafio para a Igreja, e para a sociedade civil, é garantir que cada semente plantada (seja em formação técnica, em cooperativismo ou em denúncia) floresça para toda a comunidade, e não apenas para o lucro de uma elite que, há 40 anos, insiste em manter o estado sob seu jugo.

III. Um Chamado à Conversão Ética e Social

Em face desta realidade, o chamado bíblico ressoa com urgência, exigindo uma conversão não apenas individual, mas ética e social da Igreja e do povo maranhense:

"Ao Senhor empresta o que se compadece do pobre, ele lhe pagará o seu benefício." (Provérbios 19:17)

A Igreja Evangélica tem a missão de:

  1. Socorrer: Ir ao encontro dos mais vulneráveis, provendo sustento, saúde e educação, como o bom samaritano. O apóstolo Tiago enfatiza: "Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: 'Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos', e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma." (Tiago 2:15-17).

  2. Ser Responsabilidade Social e Política: A Igreja precisa ser a voz profética que se levanta contra a injustiça, denunciando a corrupção e o saque, e exigindo que a riqueza do Maranhão seja articulada para o bem de toda a sociedade. Deve promover a formação de cidadãos conscientes e éticos, capazes de discernir e romper com os ciclos de clientelismo e compra de votos.

  3. Investir em Capital Humano: O Maranhão necessita desesperadamente de desenvolvimento educacional, profissional, cultural e técnico. A Igreja deve investir na formação integral da criança e do jovem, capacitando-os para que se tornem a geração que finalmente libertará o estado do jugo da oligarquia e da pobreza, construindo um Maranhão justo, próspero e digno.

CONCLUSÃO PARA UM START CONTEMPORÂNEO

A fé cristã deve ser o catalisador que transforma a indignação em ação. A Igreja não pode apenas aguardar a "melhora" da política. Ela é chamada a ser a mudança, levantando-se como voz e braço que socorre o órfão, a viúva (as famílias abandonadas e as mulheres vítimas de violência) e o oprimido (o cidadão simples explorado), rompendo o ciclo da opressão para que, finalmente, a riqueza e o potencial do Maranhão sejam uma benção e não uma maldição para o seu povo.




ALERTA NA TORRE DE VIGIA: A IGREJA E O PERIGO DO PRAGMATISMO POLÍTICO PARTIDÁRIO

 

Alerta na Torre de Vigia: A Igreja e o Perigo do Pragmatismo Político Partidário

Editorial Cristão

Em um cenário político cada vez mais polarizado, a Igreja de Cristo no Brasil enfrenta um dilema crucial que exige um retorno urgente aos postulados inegociáveis da fé bíblica e da herança reformada. O perigo não reside na participação individual de cristãos na esfera pública – que é um direito e, para muitos, um dever cívico – mas sim na crescente e perigosa vinculação institucional de igrejas e seus líderes a partidos políticos, especialmente aqueles cujas plataformas, de matiz progressista ou de extrema-direita, parecem oferecer privilégios em detrimento da coerência cristã.

Observamos com preocupação a tentação de aliar o púlpito a palanques. O pragmatismo político que busca "assegurar um lugar à mesa" ou "defender a fé" através de uma sigla partidária específica corre o risco de profanar a vocação profética da Igreja. Quando pastores se tornam cabos eleitorais e templos se transformam em comitês, a Mensagem do Reino é inevitavelmente contaminada pelas agendas humanas e pela sede de poder.

O Cisma da Missão: Privilégios em Lugar da Cruz

A essência da Reforma Protestante, que resgatou as doutrinas do Sola Scriptura (Somente a Escritura) e do Sola Gratia (Somente a Graça), exige que a autoridade da Bíblia e a soberania de Cristo estejam acima de qualquer ideologia ou partido terreno. A Igreja é o Corpo de Cristo, e Sua fidelidade não pode ser negociada por benesses fiscais, espaços de poder ou proteção.

O que se torna mais alarmante é o vínculo estabelecido com partidos que promovem pautas claramente conflitantes com os fundamentos da fé, em nome de uma aliança tática. É inegável que ideologias de esquerda e progressistas, que flertam com o ateísmo, que desconstroem a família tradicional e que promovem o relativismo moral, são frontalmente anticristãs. No entanto, o perigo se manifesta igualmente no alinhamento acrítico com movimentos de extrema-direita.

Tais movimentos, muitas vezes, apelam a um nacionalismo exacerbado, a uma retórica de ódio e divisão, e a um messianismo político que atribui a um líder humano o papel de "salvador da pátria", usurpando o lugar que é unicamente de Cristo Jesus. Quando a Igreja abraça incondicionalmente essas bandeiras, ela corre o risco de trocar a Justiça do Reino de Deus por uma justiça humana, muitas vezes autoritária e excludente. O Evangelho é um chamado universal à reconciliação (2 Coríntios 5:18-20), não à polarização.

A Palavra de Deus nos adverte: "Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?" (Marcos 8:36). O "mundo inteiro" aqui pode ser traduzido como a influência, o poder e os privilégios políticos. Se, para conquistá-los, a Igreja silencia sobre a justiça, tolera a corrupção ou negligencia o mandamento de amar o inimigo (Mateus 5:44), ela perde a sua alma profética.

A Pulverização Neopentecostal e a Busca por Poder

No espectro neopentecostal, por vezes, a falta de uma robusta coerência teológica e a ênfase exagerada na Teologia da Prosperidade parecem facilitar essa vinculação. A busca por sucesso e poder terrenos, transplantada do indivíduo para a instituição, encontra no Estado uma fonte de privilégios (isenções, concessões, influência) em vez de um campo missionário para o serviço. Esta pulverização de comunidades neopentecostais, sem a ancoragem na teologia reformada, torna-se terreno fértil para a instrumentalização política que visa o lucro e a influência, em detrimento do testemunho cristão.

O verdadeiro mandamento de Cristo, no entanto, é o do amor ao próximo. Jesus ensinou que o maior de todos é o que serve, e não o que é servido (Marcos 10:43-45). O amor cristão, manifesto em "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mateus 22:39), não se traduz em barganha por poder nem em exclusão de grupos, mas em ação concreta em favor dos marginalizados, sem acepção de pessoas ou partidarismo. A Igreja, como sal da terra e luz do mundo (Mateus 5:13-16), é chamada a influenciar a moral e a justiça da nação com a Palavra, e não a ser absorvida pelo sistema político.

O Caminho da Igreja: Fidelidade em Lugar de Aliança

O apóstolo Paulo exortou os cristãos a se submeterem às autoridades constituídas, pois "não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele estabelecidas" (Romanos 13:1). Isso é um chamado à oração e ao respeito, mas não uma ordem para se amalgamar ao poder temporal. A nossa cidadania, como crentes, é celestial: "Mas a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Filipenses 3:20).

Pastores e líderes devem, portanto, descer dos palanques e retornar aos púlpitos, dedicando-se à pregação do Evangelho e ao discipulado. A verdadeira vitória do Reino de Deus não é medida pelo número de votos ou de cadeiras no parlamento, mas pela transformação de vidas à imagem de Cristo, pela promoção da justiça e pela demonstração do verdadeiro e desinteressado amor ao próximo. O papel da Igreja é julgar todas as ideologias sob a ótica da Escritura, e não ser julgada por elas.

Que o Corpo de Cristo se liberte das amarras partidárias, sejam elas progressistas ou de extrema-direita, e retome sua vocação exclusiva: glorificar a Deus e propagar a Sua Palavra, confiando que "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam" (Salmos 127:1). A fidelidade a Cristo é a única aliança que garante a eterna vitória.

Por
+Ivo Nogueira


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