terça-feira, 16 de dezembro de 2025

KARL BARTH - O TEÓLOGO DA PALAVRA E A CRISE DA MODERNIDADE

 



Karl Barth (1886–1968) é amplamente considerado o teólogo protestante mais importante do século XX e, possivelmente, o mais influente desde a Reforma Protestante. Sua obra representou um "terremoto" no cenário teológico, rompendo com o liberalismo teológico do século XIX e reorientando a igreja para a soberania de Deus e a centralidade de Jesus Cristo.

Abaixo, exploramos a história, as contribuições teológicas e a vasta obra deste pensador suíço.

1. História e Biografia

A Formação e a Ruptura (1886–1914)

Nascido em Basileia, Suíça, Barth foi educado nas melhores universidades alemãs, estudando sob a tutela dos gigantes do Liberalismo Teológico (como Adolf von Harnack). O liberalismo da época enfatizava a imanência de Deus (Deus presente na cultura e no progresso humano) e via a fé cristã como o ápice da moralidade e da experiência religiosa humana.

A ruptura de Barth com seus mestres ocorreu em agosto de 1914, no início da Primeira Guerra Mundial. Ao ver que 93 intelectuais alemães (incluindo seus professores de teologia) assinaram um manifesto apoiando as ambições de guerra do Kaiser Guilherme II, Barth concluiu que uma teologia que legitima a guerra e o nacionalismo não podia ser a teologia de Deus.

O Pastor de Safenwil e a "Teologia Dialética"

Atuando como pastor na pequena cidade operária de Safenwil, Barth, conhecido como o "Pastor Vermelho" por suas simpatias socialistas, confrontou a dura realidade da vida da classe trabalhadora. Ele percebeu que a teologia liberal burguesa não tinha respostas para a crise humana.

Barth voltou-se para a Bíblia, lendo-a com "novos olhos", o que resultou na publicação de seu comentário sobre a carta aos Romanos (Der Römerbrief), que caiu como uma "bomba no parquinho dos teólogos". Isso marcou o início da chamada Teologia Dialética (ou Teologia da Crise).

Resistência ao Nazismo

Durante a ascensão de Hitler, Barth foi uma das principais vozes da Igreja Confessante. Ele foi o principal autor da Declaração Teológica de Barmen (1934), que rejeitava a influência nazista sobre a igreja alemã e a heresia dos "Cristãos Alemães" que tentavam fundir o cristianismo com a ideologia ariana. Por recusar jurar lealdade a Hitler, Barth foi expulso da Alemanha e retornou à Suíça.

2. Principais Contribuições Teológicas

A teologia de Barth é vasta, mas pode ser resumida em alguns pilares fundamentais que mudaram o curso da dogmática cristã.

A. Deus como o "Totalmente Outro" (Totaliter Aliter)

Contra a ideia liberal de que Deus é uma extensão do sentimento humano, Barth insistiu na transcendência radical de Deus.

  • Deus é Deus, e o homem é o homem.

  • Não existe um caminho que o homem possa construir para chegar a Deus (seja pela religião, moral ou razão).

  • A única conexão possível é Deus descendo até o homem através da Revelação.

B. A Palavra de Deus

Para Barth, a "Palavra de Deus" não é estática. Ele propôs uma distinção em três formas:

  1. A Palavra Revelada: Jesus Cristo (a própria ação de Deus).

  2. A Palavra Escrita: As Escrituras (testemunho da Revelação).

  3. A Palavra Pregada: A proclamação da igreja hoje. Nota: A Bíblia torna-se Palavra de Deus quando o Espírito Santo a utiliza para apresentar Cristo ao leitor.

C. O "Não" à Teologia Natural

Barth travou um debate famoso com Emil Brunner, rejeitando qualquer "Teologia Natural" (a ideia de que podemos conhecer a Deus observando a natureza ou a razão humana). Barth gritou um sonoro "Nein!" (Não!). Para ele, sem Cristo, a natureza e a história são ambíguas e não revelam o Deus verdadeiro.

D. Cristocentrismo Radical

Toda a teologia de Barth gira em torno de Jesus Cristo. Ele redefiniu a doutrina da Eleição (Predestinação).

  • Ao invés de Deus escolher arbitrariamente uns para o céu e outros para o inferno, Barth argumentou que Jesus Cristo é o Eleito de Deus.

  • Em Cristo, Deus escolhe a humanidade. Cristo é tanto o Deus que elege quanto o Homem eleito.

3. A Obra de Karl Barth

Barth foi um escritor prolífico. Suas obras variam de sermões pastorais a densos tratados dogmáticos.

A Epístola aos Romanos (1919 / 2.ª ed. 1922)

Esta é a obra que o lançou à fama. Especialmente na segunda edição, Barth desconstrói a religiosidade humana, afirmando que o Evangelho não é uma afirmação do homem, mas um julgamento e uma graça que vêm "verticalmente de cima", interceptando a linha horizontal do tempo humano.

Dogmática Eclesiástica (Kirchliche Dogmatik) (1932–1967)

Esta é sua magnum opus e uma das maiores realizações teológicas da história.

  • Dimensão: A obra possui mais de 9.000 páginas espalhadas em 13 volumes (quatro partes principais: Doutrina da Palavra de Deus, Doutrina de Deus, Doutrina da Criação, Doutrina da Reconciliação). A parte sobre a Redenção ficou incompleta devido à sua morte.

  • Estilo: Barth escreve em "círculos concêntricos", revisitando temas com profundidade exegética e histórica, dialogando com os Pais da Igreja, a Reforma e a Modernidade.

A Humanidade de Deus (1956)

Em seus últimos anos, Barth fez uma correção de curso em seu próprio pensamento. Em uma famosa palestra, ele afirmou que, em seus primeiros anos (Romanos), ele enfatizou tanto a divindade e a distância de Deus que correu o risco de esquecer a humanidade de Deus. Ele concluiu sua carreira enfatizando que Deus, em sua soberana liberdade, decidiu não ser Deus sem o homem.

Excelente. Como a sua resposta foi um "Sim" abrangente, preparei um aprofundamento cobrindo os três pontos sugeridos. Eles são essenciais para entender por que Barth é tão fascinante e relevante até hoje.

Aqui está um detalhamento sobre a Resistência ao Nazismo, a revolucionária Doutrina da Eleição e suas Frases Célebres.

1. A Declaração de Barmen: Teologia como Resistência Política

Em 1934, Adolf Hitler já estava no poder e tentava cooptar a igreja protestante alemã para servir aos propósitos do Estado. Havia um grupo chamado "Cristãos Alemães" que saudava Hitler como um novo messias e queria expulsar pastores de origem judaica.

Karl Barth foi o principal redator da Declaração Teológica de Barmen. O documento não atacava Hitler politicamente de forma direta, mas o destruía teologicamente ao afirmar que só existe um Führer (Líder) para a Igreja: Jesus Cristo.

O Ponto Central

A tese principal de Barmen rejeita a ideia de que Deus se revela na história de uma nação, no sangue de uma raça ou na figura de um político.

Tese 1 de Barmen (Resumo): "Jesus Cristo, conforme atestado nas Escrituras, é a única Palavra de Deus que devemos ouvir, confiar e obedecer na vida e na morte. Rejeitamos a falsa doutrina de que a Igreja pode e deve reconhecer outras fontes de revelação além desta única Palavra."

O impacto: Isso significava que obedecer ao Estado Nazista quando este contradizia o Evangelho era idolatria. Barth foi suspenso de sua cátedra em Bonn por se recusar a começar suas aulas com a saudação "Heil Hitler", optando por começar com uma oração.

2. A Revolução na Doutrina da Eleição (Predestinação)

Esta é talvez a contribuição teológica mais brilhante e complexa de Barth. Ele pegou a doutrina clássica de João Calvino e a virou de cabeça para baixo, tornando-a "Boas Novas" (Evangelho) em vez de uma fonte de medo.

A Visão Clássica (Calvino/Agostinho)

Deus, em sua eternidade, decretou que alguns indivíduos seriam salvos e outros condenados. Isso gerava a "ansiedade da salvação": Será que eu sou um dos eleitos? Deus parecia ter um lado oculto e assustador.

A Visão de Barth (Cristocentrismo)

Barth argumentou que não podemos olhar para um "decreto oculto" de Deus. Devemos olhar para Jesus Cristo.

  1. Jesus é o Deus que Elege: Não é um Deus abstrato que escolhe, é Jesus. E a vontade de Jesus é salvar.

  2. Jesus é o Homem Eleito: Deus não escolheu indivíduos diretamente; Deus escolheu Jesus Cristo. Em Cristo, toda a humanidade foi escolhida.

  3. Jesus é o Reprovado: Na cruz, Jesus tomou sobre si toda a reprovação e condenação que cabia à humanidade. Ele foi o único verdadeiramente "rejeitado" para que nós pudéssemos ser aceitos.

Conclusão de Barth: A eleição não é sobre excluir pessoas, mas sobre a graça inclusiva de Deus em Cristo. A missão da Igreja é anunciar a todos que eles já estão incluídos nessa eleição em Cristo, e convidá-los a viver de acordo com essa realidade.

3. Frases Famosas de Karl Barth (Comentadas)

Barth tinha um estilo de escrita vigoroso e, muitas vezes, irônico. Aqui estão algumas de suas citações mais marcantes:

1. "O cristão deve ter a Bíblia numa mão e o jornal na outra." Comentário: Muitas vezes citada erroneamente. Barth quis dizer que devemos interpretar os eventos do mundo (jornal) através das lentes das Escrituras, e não se alienar da realidade. A teologia deve ser contextual, mas biblicamente enraizada.

2. "A religião é a descrença. É a preocupação do homem ímpio." Comentário: Barth faz uma distinção radical entre Religião (esforço humano de baixo para cima para alcançar/controlar Deus) e Revelação (movimento de Deus de cima para baixo). Para ele, o Cristianismo não é uma religião, mas a crise de todas as religiões.

3. "Quando eu chegar ao céu, procurarei primeiro por Mozart; só depois procurarei por Agostinho, Lutero ou Calvino." Comentário: Barth amava a música de Mozart. Ele dizia que Mozart conseguia expressar a glória da criação de Deus (o lado lúdico e belo) sem ignorar a sombra da morte, algo que muitos teólogos "serios" falhavam em fazer.

4. "Deus não é 'o homem falando em voz alta'." Comentário: Uma crítica direta ao liberalismo teológico que transformava Deus apenas em uma projeção dos melhores valores humanos. Deus é o "Totalmente Outro".

1. A Crítica à "Religião" no Cristianismo Moderno

Quando Barth diz que "a religião é incredulidade", ele não está atacando a devoção sincera, mas sim a tentativa humana de controlar Deus ou de chegar até Ele por mérito próprio. Se Barth entrasse em uma igreja moderna hoje, ele provavelmente aplicaria essa crítica a dois fenômenos:

A. O "Evangelho" de Troca (Prosperidade e Coaching)

Barth criticaria duramente a ideia de que Deus é um mecanismo que reage às nossas ofertas, decretos ou "pensamento positivo".

  • O Diagnóstico Barthiano: Tratar a fé como uma técnica para obter sucesso (financeiro, emocional) é a forma suprema de "religião" humana. É o homem construindo uma Torre de Babel para saquear os céus.

  • A Correção: Deus é Senhor, não servo. Ele dá a graça livremente, não porque compramos ou merecemos, mas porque Ele decidiu nos amar em Cristo. A verdadeira fé é mãos vazias para receber, não mãos cheias para negociar.

B. O Moralismo e o Legalismo

Muitas vezes, as igrejas agem como guardiãs da "moral e dos bons costumes", achando que isso as aproxima de Deus.

  • O Diagnóstico Barthiano: Achar que somos aceitos por Deus porque somos "pessoas de bem" ou porque seguimos regras é arrogância. Isso coloca o "eu" no centro.

  • A Correção: Só existe um "Homem Bom": Jesus Cristo. A igreja não é um museu de santos, é um hospital de pecadores perdoados que apontam para fora de si mesmos, para a Cruz.

2. A Igreja e a Política Hoje (O Espírito de Barmen)

A postura de Barth durante o nazismo nos ensina como a Igreja deve (e não deve) se relacionar com o poder político, seja de direita ou de esquerda.

A. O Perigo da Cooptação Ideológica

Hoje, vemos igrejas se fundindo com bandeiras políticas, agindo como cabos eleitorais.

  • O Alerta de Barth: A Igreja que se casa com uma ideologia política hoje será viúva na próxima geração. A Declaração de Barmen ensina que a Igreja não pode ter dois senhores. Se a agenda de um partido dita o que é pregado no púlpito, Cristo foi destronado.

  • A Aplicação: A Igreja deve ser livre para dizer "sim" ao Estado quando ele promove justiça, mas deve ter a coragem de dizer "NÃO" (como Barth disse a Hitler) quando o Estado exige lealdade absoluta ou oprime os vulneráveis.

B. A Igreja como "A Estranha"

Barth dizia que a Igreja deve ser um "pássaro estranho" na política.

  • Ela não deve se isolar do mundo (alienação).

  • Ela não deve se conformar ao mundo (secularização).

  • Ela deve existir no mundo como uma embaixada de outro Reino, lembrando aos governantes que eles são apenas homens, e não deuses. A maior contribuição política da igreja é ser, de fato, Igreja: um lugar onde a reconciliação acontece.

Resumo da Aplicação

Conceito de Barth

Aplicação no Século XXI

Deus é o "Totalmente Outro"

Deus não é o mascote do nosso partido político nem o fiador dos nossos sonhos de consumo.

A Palavra de Deus é Soberana

A Bíblia julga a nossa cultura; nós não julgamos a Bíblia para adequá-la ao que é "moderno" ou "aceitável".

Cristocentrismo

Tudo o que a Igreja faz deve ter cheiro de Cristo. Se cheira a poder, dinheiro ou ego, não é cristão.

 

1. Por onde começar a ler Karl Barth? (Guia de Leitura)

Ler a Dogmática Eclesiástica (9.000 páginas) logo de cara é a receita perfeita para desistir. Barth tem obras muito mais acessíveis, escritas originalmente como palestras, que são a melhor porta de entrada.

A. A Melhor Porta de Entrada: "Esboço de Dogmática" (Dogmatik im Grundriss)

  • O Contexto: Em 1946, logo após a Segunda Guerra, Barth deu aulas nas ruínas da Universidade de Bonn. Seus alunos eram ex-soldados, nazistas desiludidos e pessoas quebradas pela guerra.

  • O Conteúdo: É uma explicação do Credo dos Apóstolos. Barth explica o básico da fé cristã com uma linguagem pastoral, curadora e cheia de esperança. É claro, profundo e relativamente curto.

B. O Testamento Final: "Introdução à Teologia Evangélica"

  • O Contexto: Estas foram suas últimas palestras, dadas nos EUA em 1962.

  • O Conteúdo: Barth reflete sobre o que significa ser um teólogo. Ele fala sobre o perigo da arrogância teológica e a necessidade de oração e humildade. É um livro sobre o "espírito" da teologia, não apenas sobre dogmas.

C. A Virada Chave: "A Humanidade de Deus"

  • O Contexto: Um pequeno ensaio de 1956.

  • O Conteúdo: Essencial para não ficar com a imagem errada do Barth "severo" do início da carreira. Aqui ele mostra o coração de Deus voltado para o homem. É uma leitura rápida (menos de 100 páginas geralmente).

2. Barth vs. Os Gigantes (Comparativo Teológico)

Entender Barth fica mais fácil quando vemos onde ele concordou e onde ele rompeu com outros grandes nomes.

Karl Barth vs. Martinho Lutero

  • Semelhança: Ambos enfatizam radicalmente a Graça e a Palavra. Ambos desconfiam da razão humana para chegar a Deus.

  • Diferença (Lei e Evangelho):

    • Lutero: Divide Lei e Evangelho. A Lei vem primeiro para nos condenar e nos levar ao desespero; o Evangelho vem depois para nos salvar.

    • Barth: Inverte a ordem para Evangelho e Lei. Para Barth, a Lei é apenas a "forma" do Evangelho. Deus nos dá mandamentos porque nos ama e já nos salvou. Obedecemos por gratidão, não por medo da condenação.

Karl Barth vs. João Calvino

  • Semelhança: Barth se considerava um calvinista reformado. Ele amava a ênfase de Calvino na Glória de Deus.

  • Diferença (Eleição/Predestinação):

    • Calvino: Deus tem um "decreto duplo" (escolhe uns para o céu, outros para o inferno) desde a eternidade.

    • Barth: Rejeita a ideia de um Deus que cria pessoas para o inferno. Para Barth, Cristo é o Eleito. Na cruz, Deus disse "Sim" à humanidade. A reprovação caiu sobre Cristo para que a eleição caísse sobre nós. É uma visão muito mais esperançosa.

Karl Barth vs. Dietrich Bonhoeffer

  • A Relação: Bonhoeffer foi aluno e amigo de Barth. Ambos lutaram juntos contra o nazismo na Igreja Confessante.

  • A Crítica Amigável: Bonhoeffer, nas suas cartas da prisão, criticou Barth pelo "Positivismo da Revelação". Ele achava que Barth dizia "tome ou largue" (aceite a Bíblia como ela é) sem explicar como isso se traduzia para o homem secular moderno. Bonhoeffer queria um "cristianismo não religioso", um conceito que ele começou a desenvolver inspirado em Barth, mas que levou para uma direção própria mais radical.

Resumo Visual

Teólogo

Foco Principal

A Correção de Barth

Schleiermacher (Liberalismo)

Sentimento religioso humano

Deus é o "Totalmente Outro" (Não confundir Deus com emoção).

Calvino

Soberania e Predestinação

Cristocentrismo (A soberania de Deus é a soberania do Amor em Cristo).

Lutero

Justificação pela Fé

Senhorio de Cristo (A fé não é apenas perdão, é obediência ética e política).

 Mais uma vez, vou honrar sua resposta afirmativa cobrindo ambas as opções. Isso lhe dará uma ferramenta de estudo (o resumo) e uma ferramenta prática de aplicação (o esboço de sermão).

1. Resumo de um Capítulo Chave: Esboço de Dogmática

Escolhi resumir o capítulo sobre "Jesus Cristo, o Senhor". Este capítulo é o coração do livro, pois para Barth, você não pode entender Deus, a Criação ou a si mesmo sem olhar através da lente de Jesus.

O Conceito Central: A "Dupla Movimentação"

Barth explica a pessoa de Cristo não como uma estátua estática (meio Deus, meio homem), mas como um movimento dinâmico em duas direções que se cruzam na cruz.

A. A Humilhação de Deus (A Descida)

  • O Filho de Deus torna-se homem.

  • Barth enfatiza que Deus é tão livre e soberano que Ele é livre até para deixar de ser apenas Deus no céu e se tornar uma criatura frágil na terra.

  • Isso não diminui Sua divindade; prova Sua divindade. Só um Deus verdadeiramente onipotente poderia se humilhar tanto sem perder Sua essência. Ele desce à nossa miséria para carregá-la.

B. A Exaltação do Homem (A Subida)

  • O Filho do Homem é exaltado.

  • Porque Deus desceu, a humanidade de Jesus foi puxada para dentro da vida de Deus.

  • Em Cristo, a natureza humana (nossa carne) já está sentada à direita do Pai. Nós não estamos tentando chegar lá; em Cristo, a humanidade já chegou.

A Conclusão Prática do Capítulo

Barth termina dizendo que "Jesus é o Senhor" significa que o mundo não está à deriva. O caos aparente da história (guerras, desastres) é superficial. No nível mais profundo da realidade, a vitória já foi ganha. O cristão vive com "alegria teimosa" porque sabe quem está no comando.

2. Esboço de Sermão no "Estilo Barthiano"

Se Karl Barth fosse pregar hoje, ele focaria na soberania da Palavra e na incapacidade da religião humana.

Texto Bíblico: João 1:1-14 (O Verbo se fez carne) Tema: A Invasão de Deus

I. O Silêncio Quebrado (vv. 1-3)

  • A Abordagem: Comece desconstruindo a ideia de que Deus é uma "ideia" que nós tivemos.

  • O Ponto de Barth: Antes que o homem pudesse balbuciar uma oração, Deus já era Palavra. Deus é comunicação. Ele não é um "Grande Silencioso" esperando ser descoberto pela nossa inteligência.

  • Aplicação: Não estamos procurando por Deus. Nós fomos encontrados por Ele. A religião é a busca do homem; o Evangelho é a voz de Deus que quebra o silêncio.

II. A Luz e a Cegueira (vv. 4-11)

  • A Crise: A luz veio, mas as trevas não a compreenderam. Barth diria que o mundo (e até a "igreja religiosa") prefere suas próprias lanternas artificiais à Luz verdadeira.

  • O "Não" de Deus: A vinda de Cristo revela que o homem, por si só, é cego. Se precisávamos que Deus viesse pessoalmente morrer, então nossa situação era desesperadora. O Evangelho começa com más notícias para o nosso orgulho.

III. O Milagre do Natal: O "Totalmente Outro" torna-se Irmão (v. 14)

  • O Escândalo: "E o Verbo se fez carne."

  • A Teologia: O Deus que habita na luz inacessível (Totaliter Aliter) tornou-se acessível. Ele armou sua tenda no meio da nossa sujeira.

  • A "Teologia Dialética": Ele é o Juiz que nos condena (pelo nosso pecado) e, ao mesmo tempo, o Advogado que assume nosso lugar.

  • Aplicação: Não precisamos "subir" até Deus através de moralismo ou êxtase espiritual. Deus desceu. A escada foi lançada de cima para baixo.

Conclusão: A Decisão

Barth terminaria chamando a congregação não para "fazer" algo para salvar o mundo, mas para crer que o mundo já foi reconciliado. O chamado é para largar o controle e aceitar a soberania da Graça.

"A Palavra se fez carne — e não 'ideia', nem 'moral', nem 'sentimento'. Carne. Realidade concreta."

Visualizando a Teologia de Barth

Para consolidar, a teologia de Barth muitas vezes é visualizada através da estrutura da Palavra de Deus, que ele divide em três formas inseparáveis, mas distintas.

  1. Revelada (Jesus Cristo): A fonte original e o evento.

  2. Escrita (Bíblia): O registro e testemunho fidedigno desse evento.

  3. Pregada (Igreja): Onde a palavra se torna viva hoje pelo Espírito Santo.

O Legado de Barth

Karl Barth não fundou uma denominação, mas influenciou todas. Ele forçou a teologia a deixar de falar sobre Deus (como um objeto de estudo) para ouvir a Deus.

"A função da teologia é a de ser a consciência crítica da pregação da Igreja." — Karl Barth

Seu legado permanece vivo não apenas nos livros, mas na postura de que a Igreja deve sempre obedecer a Palavra de Deus acima de qualquer ditador, cultura ou ideologia política.


GUIA DE ESTUDO: INTRODUÇÃO A KARL BARTH

Um resumo estruturado para consulta rápida.

I. O Homem e o Contexto

  • A Crise: Barth rompeu com o Liberalismo Teológico (que focava no homem e na moral) após ver seus professores apoiarem a 1.ª Guerra Mundial. Percebeu que uma teologia antropocêntrica não tinha respostas para a catástrofe humana.

  • O "Pastor Vermelho": Em Safenwil, confrontou a realidade operária e voltou-se para a Bíblia, resultando no comentário aos Romanos (1919/1922), que lançou a "Teologia Dialética".

II. Os Pilares Teológicos

  1. Deus é o "Totalmente Outro" (Totaliter Aliter): Deus não é uma versão melhorada do homem. Ele é transcendente e só pode ser conhecido se Ele decidir se revelar.

  2. Não à Teologia Natural: Rejeitou a ideia de que podemos conhecer a Deus através da natureza ou da razão humana. Gritou "Nein!" (Não!) a Emil Brunner. Só conhecemos a Deus através de Jesus Cristo.

  3. A Palavra de Deus (Tríplice Forma):

    • Revelada: Jesus Cristo (a Ação).

    • Escrita: A Bíblia (o Testemunho).

    • Pregada: O Sermão (a Proclamação atual).

  4. A Nova Doutrina da Eleição: Reformulou Calvino. Deus não escolhe indivíduos para o inferno. Deus escolheu Jesus Cristo. Em Cristo, toda a humanidade foi eleita. A rejeição de Deus caiu sobre Cristo na cruz.

  5. Crítica à Religião: "A religião é incredulidade". É a tentativa humana de alcançar Deus (Torre de Babel). O Cristianismo é a Revelação (Deus descendo ao homem).

III. Barth e a Política (O Espírito de Barmen)

  • O Inimigo: Os "Cristãos Alemães" que tentavam nazificar a igreja.

  • A Ação: Escreveu a Declaração Teológica de Barmen (1934).

  • A Tese: A Igreja tem apenas um Führer (Líder): Jesus Cristo. Obedecer ao Estado contra o Evangelho é idolatria.

IV. Obras Essenciais para Iniciantes

  1. Esboço de Dogmática (Explicação do Credo).

  2. Introdução à Teologia Evangélica (Sobre a humildade teológica).

  3. A Humanidade de Deus (A correção de curso, enfatizando o amor de Deus).




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