Aproxima-se
o fim do ano. É tempo de festividades. A câmara da cidade de Coimbra convidou
as pessoas para que saiam a noite para ver a iluminação da cidade. Sendo assim,
Natal nada mais é do que uma atração turística.
Os comerciantes ficam na
expectativa de que possam vender mais, pois Natal é troca de prendas é a
oportunidade de vender e lucrar um mais. As pessoas esquecem-se do momento de
crise e procuram de alguma maneira satisfazer ou alegrar aqueles que amam
dando-lhes prendas e o comércio agradece.
Será isto o Natal?
Natal está relacionado com
nascimento. É dia de nascimento. Portanto, falar de Natal é falar do nascimento
de alguém. É celebrar a vida. É essencial saber a vida de quem celebramos e
porque a celebramos.
Quando falamos das festividades de
Natal, falamos do nascimento de Jesus, mas é isto que estamos a celebrar?
Se Natal é a festividade que
celebra o nascimento de Jesus, como entender uma escola aqui em Coimbra que em
nome da laicidade diz que não se pode falar do nascimento do menino Jesus?
Esta escola assume a postura que é
vivida por muita gente. Celebra-se o Natal, sem a pessoa do Natal.
Substituiu-se o ser do Natal por uma festa vazia de significado. Entretanto,
esta escola, que se recusa falar do menino Jesus por causa da sua laicidade
aceita celebrar o Halloween, uma festa pagã e diz que no natal deve-se falar do
Pai Natal (São Nicolau), um santo da igreja católica. É o contra-senso e o
absurdo imperando em nossos diz. Em nome da laicidade se proibi falar de Jesus,
mas celebra-se um santo da religião e um culto do paganismo.
Que laicidade é
esta?
Nossa sociedade Pós-Moderna e pós
cristã deseja destruir todos os valores e os fundamentos da nossa cultura e os
pilares da sociedade ocidental. O que as pessoas não estão a perceber é que a
destruição dos valores esta gerando uma sociedade vazia, desesperada e acima de
tudo, fazendo com que os nossos jovens se voltem para movimentos extremistas
que prometem uma solução e lhes dão algum sentido de pertença.
Celebrar o Natal é olhar para
pessoa de Jesus, mas esta sociedade laica diz que podemos falar de Pai Natal,
mas não de Jesus.
Olhando para esta realidade devemos
nos perguntar: O que realmente significa o Natal?
Natal significa
que Deus é fiel e cumpre com a sua Palavra
Deus é um Deus de Palavra. Mateus
declara o seguinte: “Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor
havia declarado pelo profeta: A virgem engravidará e dará à luz um filho, a
quem chamarão Emanuel que significa: Deus
conosco” (Mt 1.22-23). O foco é para o cumprimento da profecia de Isaías
7.14. Ele faz uma releitura do texto e mostra que a verdadeira interpretação do
mesmo fala de Jesus. Ele diz que Deus não esqueceu dos seus e por isso, Jesus
nasceu.
Deus cumpre suas promessas. Deus
cumpre o que diz as Escrituras. O nascimento de Jesus é o cumprimento de tudo o
que vem narrado nas Escrituras. É o cumprimento de que a semente da mulher veio
para pisar a cabeça da serpente. Esta foi a promessa de Deus lá no Éden: “Porei
inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela;
esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gn 3.15).
Pensar no significado do Natal é refletir
sobre a fidelidade de Deus. É pensar na sua imutabilidade. Deus permanece fiel
à sua Palavra. Ele a empenhou a nós e mesmo que não sejamos fiéis, mesmo que
falhemos e falhamos, Ele não falha. Nós somos infiéis, mas Ele permanece fiel.
Paulo escreveu: “Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si
mesmo.” (2 Tm 2.13). Natal nos fala da fidelidade de Deus. Fala-nos de um Deus
não desiste de nós.
O Natal mostra-nos que Deus não
mente. Ele cumpre o que prometeu. Deus não mente (Tt 1.2) e sendo assim, o
nascimento de revela-nos a graça e o amor fiel deste Deus que não desiste de
nós.
É verdade, celebrar o Natal é
proclamar ao mundo que Deus é fiel e cumpre o que diz na sua Palavra.
Natal significa
que chegou o tempo exato de Deus
O nosso tempo é o tempo das
mudanças. Queremos respostas imediatas. Vivemos presos ao “cronos”. Agimos
neste tempo e estamos presos a ele. Vivemos na azáfama do dia-a-dia e muitas
vezes desejamos que o nosso dia tivesse mais horas.
O apóstolo Paulo fala do tempo exato
de Deus. Ele utiliza a expressão “plenitude dos tempos” o tempo certo, o tempo
perfeito. Este é o tempo de Deus. Paulo declara: “Mas, vindo a plenitude dos
tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, Para remir
os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.” (Gl
4.4-5). Este tempo exato mostra-nos que Deus age na história e através da
história. Ele age na conjugação dos fatos e é através deste processo que o seu
tempo acontece.
Esta declaração do apóstolo fala da
tradição do pai determinar o tempo limite da menoridade do seu filho. Esta
menoridade ou escravidão sob a lei durou aproximadamente 1.300 anos e foi um
período longo e árduo. O que é dito sobre a plenitude do tempo é que a antiga
era chegou ao fim e eis que surge a aurora da nova. É o tempo da plenitude dos
tempos. É a chegada na nova era: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está
próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho.” (Mc 1.15). É tempo de desfrutar
da maioridade oferecida pelo Pai. É tempo de desfrutar da liberdade.
Quando olhamos para a história e
entendendo os acontecimentos históricos, percebemos que para o culminar do
tempo de Deus. É a conjugação de vários fatores que determinam a plenitude dos
tempos. Quais são os fatores que determinam a plenitude dos tempos?
Em primeiro lugar, havia uma
potência dominante. Roma havia conquistado e subjugado o mundo conhecido. O
império romano desenvolveu um excelente sistema de estradas que facilitavam as
viagens. O ir e vir, mas este ir e vir podia ser feito em segurança por causa
das legiões romanas que as guardavam. Era um período de paz e segurança. Havia
sido desenvolvido um excelente sistema de comunicação que ligava todos os
centros estratégicos do império com a cidade de Roma.
Em segundo lugar, a Grécia
contribuiu com a língua. Esta tornou-se universal e era utilizada para o comércio
e não somente isto. Foi fomentada toda uma cultura que criou o mundo ocidental.
Em terceiro lugar, este foi um
período da falência dos deuses. Os deuses mitológicos da Grécia e de Roma
perderam sua influência e surgiu no coração das pessoas a fome de uma religião
que fosse real que satisfizesse o ser humano.
Em último lugar Israel, um povo que
estava escravizado, mas que temia e adorava ao único e verdadeiro Deus. Um povo
que estava agrilhoado e preso, mas que estava na expectativa da manifestação do
Messias, o Libertador.
É neste contexto que se dá “a
plenitude dos tempos”, e é aqui que vemos o agir de Deus da seguinte maneira:
Deus enviou seu filho. A idéia aqui
é muito mais que um simples comissionamento. O texto nos fala da pré-existência
de Jesus. Este é um ponto que Paulo foca sempre em suas cartas (1 Co 1.8; Fp
2.6ss; Cl 1.15ss). Ele é enviado, saindo de um estado anterior. Ele não foi
criado. Ele já existia.
Qual foi o objetivo da vinda de
Jesus?
O texto apresenta-nos duas
realidades. Sendo assim, podemos dizer que no tempo exato de Deus duas coisas
maravilhosas aconteceram:
A primeira é que o tempo exato de Deus
acontece para que possamos ser resgatados. Jesus entra na história para nos
libertar. Ele vem para nos tirar da escravidão. Nós estávamos sob o peso da
“lei”, reféns da mesma, mas o Senhor vem para nos resgatar. Ele vem nos
redimir. Vem efetuar a nossa redenção.
A segunda é que o tempo exato de
Deus é para nos adotar como seus filhos. Esta palavra adoção é utilizada apenas
por Paulo e traz consigo os privilégios da filiação. Em Cristo, os que foram resgatados
tem o direito de ser filhos.
Esta metáfora de Paulo esta vincada
no procedimento legal da cultura grego-romana onde um homem que não tinha
filhos poderia receber em sua família um jovem escravo, que por bondade do seu
senhor, deixava de ser escravo e passava a ser filho e herdeiro.
O Natal significa que chegou o
tempo exato em que Deus agiu na história para nos libertar e fazer-nos seus
filhos.
Natal significa
humilhação
Pensamos apenas na festa. Pensamos
nas luzes e na alegria, mas o Natal é muito mais do que isto. Natal é
humilhação. O Deus Todo-Poderoso humilha-se. Ele iguala-se a nós, faz-se um de
nós. É interessante ver o que nos diz o apóstolo sobre este aspecto: “De sorte
que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo
em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,
Mas
esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos
homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente
até à morte, e morte de cruz.” (Fp 2.5-8).
Pensar no Natal é pensar no
esvaziamento de Deus. Ele não deixou de ser Deus, mas esvaziou-se. Deixou de
lado a sua glória (Jo 17.5). É o Deus que se apequena, humilha-se e assume a
forma de homem.
O Deus Todo-Poderoso humaniza-se.
Ele se apequena e assume as características humanas, se fragiliza, torna-se
dependente e além do mais, assume a forma de servo. Na forma de servo, foi
obediente e obediente até a morte de cruz.
Ele é o Deus que se humilha e é humilhado.
Humaniza-se e torna-se um servo obediente que é pendurado na cruz. Ele é o rei
do desprezo e do escárnio (Lc 23.33-38). Ele é o rei da zombaria.
O Deus Todo-Poderoso humilha-se
aceita morrer como um amaldiçoado (Gl 3.13; Hb 12.2). Ele morreu da forma mais
humilhante e dolorosa que havia e fê-lo por amor de nós.
Falar sobre o Natal é falar sobre o
Deus que ama e ama de tal forma que se humilha para nos abençoar.
Conclusão
O que estamos a celebrar?
Sabemos realmente porque Jesus
nasceu?
Qual o significado do seu
nascimento?
Creio que podemos resumir tudo em
três declarações:
1. Deus é fiel e cumpre à sua Palavra
2. Chegou o tempo exato de Deus
3. É esvaziamento e humilhação.
Uma escola em nome da laicidade
recusa-se a falar de Jesus.
Esta é a sociedade pós-moderna e
pós cristã que vivemos, mas que jamais abdiquemos dos nossos valores e
principalmente do verdadeiro significado do Natal.
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